segunda-feira, 3 de outubro de 2011

nonSense (capitulo segundo)

Amy Winehouse

Hey Little Rich Girl



capitulo anterior...


Cap  2
Maquiagem, tequila e afins...


   Finalmente perdi essa droga de quilo. Preciso mesmo entrar nesse vestido. Esse espelho também não ajuda. Lápis, batom, pó e outras máscaras a mais. Nunca entendi muito bem o porquê de me maquiar tanto, simplesmente sempre me maquiei. Sei que ele vai estar lá... Preciso saber se o terei de volta. O carro chegou... Peito no lugar, bunda empinada, agora a “cara” de que não pretendo “te dar” hoje. Dentro da bolsa o arsenal completo só pra me sentir segura. Não poderia esquecer, detesto esse perfume, mas sei que o faz perder o controle.
Que droga não sei por que meus sapatos sempre me machucam tanto. Parecem coisas desse gênero maldito, homens... Mas se bem que essa calcinha mínima de confortável não tem nada. Finalmente chegamos a esse bar fétido. Retrovisor pra ultima checagem... Estou linda. Hoje eu mato ele. Além de todas de inveja. Cheguei na hora certa essa música me faz muito bem.
Estou aqui há horas, e esse idiota ainda não me notou, não pretendo deixar barato. Ao meu redor as coisas de sempre, um recém adulto tentando me cantar com uma daquelas frases ridículas que ele deve ter aprendido numa dessas redes sócias. Um bando de velhos tarados secando a minha bunda. Alguns até interessantes, afinal eu adoro carros grandes, pena que eu prefira os motoristas menos gastos também. Chega-me a costumeira recepção, algum amigo bobo, que sempre tem outros dois amigos por perto. Um pra casar, mas feio que chegam a doer os olhos, outro lindo e como sempre, totalmente desprovido de caráter. Se ficasse bêbada hoje talvez desse pra um deles. Minha consciência no outro dia nem ia pesar, afinal é meu mesmo.
Ele tenta me convencer a ficar na mesa, mas hoje já tenho uma presa. Pena que ele parece não notar. Ficarei bêbada está decidido. O idiota do garçom parece perceber, faz-me confirmar que beberei o de sempre. Apenas confirmo com a cabeça e em dois milésimos de segundo me chega o copo com aquele tom azul que sempre me encanta, uma linha fina e branca de sal, uma rodela generosa de limão... e um cheiro delicioso de tequila. Sei que pareço uma puta fazendo isso, mas eu adoro. Antes mesmo de tomá-la eu notei que o ar ficou mais denso. Todos estavam me olhando... Senti-me muito bem. Aspirei o sal, o amigo safado do meu amigo colocou a rodela de limão na minha boca e ainda deu tempo de mordiscar um de seus dedos... virei o copo... Extravasei num gritinho afetado, daqueles que toda mulher dá quando quer fingir orgasmo pro idiota da vez gozar mais rápido e sair de cima.
Nunca fui uma mulher muito comum... Se os meus pensamentos vazassem da minha cabeça ia ser um escândalo após outro. Chega é hora de voltar ao círculo das minhas cobras favoritas, as minhas amigas de balada. Adoro escutar elas se gabando dos caras idiotas que elas estão comendo, acho meio depressivo. Elas suas maquiagens e as plaquinhas de “estou disponível” ou ”por favor, me coma” pendurada no pescoço. Preciso de ar esse perfume está me matando.
Hora perfeita pra ir ao banheiro. Retoco o maldito batom que parece evaporar. Um jeitinho no cabelo, que sempre parece querer me pregar um chiste. Pronto, estou pronta pra mais algumas seções de tequila. Hora do ataque da noite, você com o eterno copo de vodka. Me evita, toco o seu ombro como se abrisse as pernas, você vem chega perto demais inspira quase todo o perfume, me abraça, pega na minha nuca e o som do bar some. Detesto quando você me toca e destrói a caçadora que reside em mim. Simplesmente coloca a mão no bolso e eu noto que eu ainda te detesto.
Tomo mais algumas tequilas, alguns convites chegam... Perdi a vontade de sorrir, que droga foi essa? Você acabou com a minha noite. Sempre preferi quando o contrario acontecia. Não suporto a idéia de não poder mais te abandonar na cama. Detesto o seu sorriso sacana. O jeito como se move, como se o mundo te desse o privilegio de ser livre. E ainda me trocar por uma velha? Nunca conheci um crápula pior que você.
Dizem que “beleza não põe mesa”... é verdade. Isso pra todos os tipos de beleza. Sou bela e sei disso. Sou deprimente e também sei disso. Independente, rica e com uma bunda poderosa, consigo tudo o que quero. Sei que milhares de mulheres desejariam estar no meu lugar, mas elas não sabem que eu só quero o que elas têm... Um marido idiota e apaixonado, uma casa simples, um ou dois filhos feios, um gato ou cachorro, periquito, papagaio e tudo o que eu tenho é um par de peitos fartos sem dono. Ainda preciso ficar bêbada e comer alguém pra me sentir uma puta menos vazia... Que as feias não me escutem, mas se beleza não põe mesa, feiúra não te aquece no final da noite...


Continua...
                            camillu borges
insolação é o meu estilo preferido de vida...