domingo, 25 de março de 2012

Memórias




Não quero chegar a um tempo em que meus olhos enxerguem o passado e abram a porta do meu coração para a saudosa tristeza. Que de tanto me fazer visitas tenho no colchão do quarto de hospedes um molde perfeito de seus traços. Não quero a visita das lagrimas quando o cheiro de dias idos me visite. Na verdade agradeço a minha pouca memória. Que um dia vai impedir me lembrar do teu cheiro. Detesto os meus calos, as minhas cicatrizes, pois estas eu terei sempre de explicar. Na verdade detesto o meu peito, pois ele sempre te recriará. A cada cinco segundos sem que estejas ao meu lado. Pregará-me peças, pois vez ou outra antes de dormir eu escutarei os teus conselhos, o teu cuidado e até mesmo o barulho da tua respiração.  Na verdade sinto uma completa incapacidade de viver sem ti, sem a tua lembrança... Pois estou preso por vontade, não a mim, nem a ti, mas ao futuro de nossas lembranças.
Acredito ainda na visita dos cabelos brancos e que até dos momentos mais idiotas é que sentirei falta. Quem sabe a minha cara de bobo e as lagrimas que absorvem tão facilmente ao teclado e a mim, tragam enfim esses sorrisos com fungados de felicidade. Quem sabe o que significa revisitar o passado e não saber-se feliz ou triste, é que realmente viveu coisas dignas de saudade.
Ah! Meu amor...
Conheço-te de outras vidas ou já te dei os meus pulmões?
Ama a mim realmente ou já te roubei o juízo?
Não sei dizer se o tempo é meu amigo. Não saberia dizer se estou apenas feliz ou se tua lembrança me invade com tanta força que me sinto longe do chão, como se de fato estivesse com um pedaço teu dentro de mim.

Faz-me um favor... Fica com o meu coração?

domingo, 11 de março de 2012

Vilão



Sempre tive um interesse maior por vilões. Os mocinhos, as donzelas em perigo, os amigos alegres e bobinhos ate tinham o seu valor, mas eram os vilões, as bruxas más, os feiticeiros poderosos, aquelas vozes aterradoras, toda aquela áurea de poder, beleza, satisfação. Era sem duvida aquilo que me fascinava. Eu não entendia o porquê de sofrer tanto, mas eu via o sofrimento contido nos vilões. Eu via que no âmago de cada um deles, eram apenas forçados ao extremo. Eram pessoas que tinham uma missão, que precisavam dar sentido a vida de milhares, que precisavam chegar a limites extremos para acordar os heróis sem guerra. Não existe sentido na paz se não conhecermos a Guerra. Aprendi que tenho que fazer o que for necessário, pois me cabe não deixar que a balança continue tendenciosa...
Nunca tive as qualidades de um mocinho, minha voz sempre foi a mais grave e os meus olhos sempre souberam esconder o que eu de fato sentia. Sempre tentei ser bonzinho, mas poucas pessoas eram gentis o suficiente para manter meu lado bom acordado por muito tempo. Os meus amigos de infância, são poucos. Pois poucos eu permite conhecerem meu cerne. Eu sempre pude ver e entender o que se passava no fundo do olhar de cada um. Sempre pude antecipar o que as pessoas tinham a contar, de certa forma as pessoas me cansavam. Elas nunca percebiam que estavam em ciclos sempre convivendo com a morte dos seus heróis. Eles dormiam, pois o vilão de cada um sempre era mais forte.
As pessoas não entendem, na verdade elas têm medo do entendimento. Fogem da luz. Afinal se esconder é mais fácil que enfrentar o bicho papão...
Estou aqui de cara limpa, não sou um herói, mas aprendi a conviver com meu vilão. Agora eu tenho que derrota-lo... Tenho que parar com esse jogo de poder, pois a solidão não me faz muito bem... E tanta força junta uma hora ou outra acaba atingindo quem não merece. Não vou mata-lo... Pois isso implicaria matar metade de mim... Irei silencia-lo e apresenta-lo aos seus verdadeiros inimigos. A minha guerra esta apenas começando...


camillu borges