quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pela janela do ônibus



Hoje no ônibus de volta pra casa, depois do trabalho. Comecei a indagar-me o motivo da minha infelicidade. Isso após uma amiga sair e me deixar sozinho (apesar do ônibus lotado). Na tentativa de fugir do olhar das pessoas que estavam ali olhei pela janela. Vi um homem, com a idade próxima a minha, e mais magro do que achei que seria possível ficar. Esse cara estava usando todas as forças que tinha pra arrastar um carinho cheio de papelão, latinhas e outras tantas coisas. Uma coisa me chamou atenção. Ele não estava sério, carrancudo. Tinha uma feição castigada, mas serena. O tipo de pessoa que não tem tempo de ficar se perguntando o porquê de tudo. Ele simplesmente vive, e luta pra isso todos os dias. E eu com a vida abastada que tenho, estava ali no conforto daquele ônibus reclamando pela falta de mimo que tenho recebido.
Acredito que Deus - o que fez os homens- tem mania de conversar desse jeito. Hoje entende o porquê. Às vezes penso que me sinto infeliz pela sede que os humanos têm de sempre querer mais e mais. Saber que sou uma criança de certa forma mimada não me subtrai o peso das escolhas que faço. Se ao olhar pela janela eu vejo o quanto meu espírito nesses momentos tem estado mesquinho, sou eu quem tem de mudar tudo o que for possível mudar ao meu redor. E se eu não puder mudar vou pelo menos rachar a vidraça que protege o que eu não acredito ser correto ou coerente.
O fato de você ter passado por certos perrengues, não justifica a vontade de obrigar os outros a passar pelo mesmo. Prefiro crer que poupar as pessoas de machucar-se como eu me machuquei é o caminho a ser seguido...
Não espere estar do lado de fora da janela do ônibus pra lembrar como o ontem foi belo. Ora! Se ele foi tão bom assim hoje pode ser melhor . Viva de agoras , não de ontem’s ou amanhãs ....