Utópico feat Parnaso hearth in breakfast
AH! Não quero uma casa no campo, não
sirvo de molduras para paisagens bucólicas, ou que este cinza asfalto me sirva
de prefacio. Quero, bem ali, no fundo escondido, um poço de atenção, meio assim,
sem fundo e rodeado de pessoas estranhas, afinal nunca fui um espírito de
multidões. Quero mesmo um lugar pra ficar onde as perguntas não precisem de
respostas palavreadas. Detesto externalizar palavras. Um lugar no qual eu não
precise ser entendido ou fazer sentido. Onde os seus cafunés sejam constantes e
os meus nunca fiquem suados.
Eu bem que poderia morar num Ap. e ficar
apertadinho com um alguém de borracha. Andar sempre na pontas dos pés e ter
sempre um porteiro magro, velando num monitor P&B de 15 polegadas as minhas
olhadas maliciosas para os passageiros do elevador. Seria bom sentir aquele
ventinho a 45 km/h me assanhar e me roubar metade de uma paciência imaginária
seguida de um forte clique que seria imediatamente relatado ao sindico pela
louca desvairada do 507.
Quem sabe o ideal mesmo seja uma casinha
perdida no meio da confusão de torres e mais torres. Marcar na agenda de rotina
uma certa hora pra ficar pelado na varanda e ver alguns vizinhos desvairados
esconderem suas crias atrás de uma cortina roxa manchada de esperma e logo
depois voltarem a cena apenas pra dar uma conferida se é mesmo verdade. Pirar quando
as pessoas contarem “estórias” de roubos violentíssimos a casas em cidades como
aquela, e ficar imaginando o quão ruim seria mesmo ser estuprado, esfolado,
amarrado na cabeceira da cama.
Queria mesmo era não ter de pagar IPTU, conta
de luz, internet, telefone e o escambal.
Queria mesmo era morar ai onde é bem
quentinho e gostoso...
Queria mesmo era estar bem ai...
Já
esta mais do que na hora de alguém morar dentro deste coração...
Afinal
de contas, janela caindo não chama passarinho...
camillu borges in Prático, porém rosa...
(Amostra grátis do meu mais novo e inacabado projeto)