Sou um furacão preso
Numa garrafa de vidro
Fino filme que me cerra
Previne o mundo de mim...
Alma que me corrompe
Olhos que me corroem
Vida que me consome
Já os amores que me matem
Mundo meu, esquecido de nos
Onde me perco dos teus “ais”
Aonde a lembrança tua não chegas
Prende-me na tua noz
Arrasta-me na voz
Arrasta pra cama
Apaga essa chama
Fabrique novamente esse “nós”
Em dias mornos que a chuva nos banha
Travamos na lama dos meus medos
No banho do teu beijo
Embalando-me ao andar
Teus tenros olhos de calma
Com promessas de amor
De noites em claro
De dias pouco turvos
Tuas mãos macias
Que afugentam as minhas
Que me mata, exploras, maltrata
Mato-te de mim...
Suicídio, funesto de mim
Aborta a missão
Afoga o nós
Seja bem vinda ao nosso fim
Amei-te por querer
Acabei por querer
Deixei por doer
E continuo sem saber
Esse é o fim?
Hoje tu és ferida aberta
Em que a companheira dor
Fez-me órfão de si
Não olhe pra traz, eu não estarei La...
camillu borges.